O ano de 2025 marca a execução completa do Projeto Cunhã Crodí, que mobiliza mulheres indígenas em quatro estados e promove uma jornada formativa baseada em autonomia, economia feminista e defesa dos territórios
O ano de 2025 marcou a execução integral do Projeto Cunhã Crodí nos quatro estados onde atua (Ceará, Bahia, Pernambuco e Alagoas) consolidando um ciclo formativo de quatro módulos, encontros territoriais, atividades virtuais e ações de replicação nas aldeias.
Reunindo centenas de mulheres indígenas ao longo do ano, o projeto fortaleceu redes locais, ampliou debates sobre corpo-território, economia feminista, etnodesenvolvimento e cuidado, e disseminou materiais formativos acessíveis a todo o público.
O Cunhã Crodí foi desenvolvido com foco na autonomia de mulheres indígenas da Caatinga. O ciclo de 2025 começou em janeiro, com encontros presenciais nos quatro estados. Em novembro, o processo formativo com os IV módulos foi finalizado e o projeto segue para mais um encontro reunindo as mulheres de todos os estados em 2026.
Formações ao longo de 2025
Módulo 1: Corpo-território (online)
Abertura do ciclo formativo, com reflexões sobre território como extensão do corpo, ancestralidade, violências e proteção comunitária.
Módulo 2: Respeitando nossos direitos, nosso corpo e nossa vida: mulheres, autonomia e a política do cuidado (presencial)
O módulo aprofundou discussões sobre autonomia, proteção e políticas de cuidado. Teve escuta atenta, espiritualidade, trocas profundas e muita participação nas dinâmicas. As falas tocaram o coração, especialmente ao lembrar de quem já ancestralizou.
Módulo 3: Economia feminista e agenda política para defesa dos territórios (online)
Em agosto, o módulo reuniu mulheres dos quatro estados para debater economia feminista, soberania econômica, incidência política e estratégias coletivas de resistência.
Módulo 4: Modelos de produção e comercialização: agroecologia, economia solidária e o etnodesenvolvimento (presencial)
Entre outubro e novembro, os encontros trataram de agroecologia, economia solidária e etnodesenvolvimento, com atividades presenciais em todos os estados. Na Bahia, os módulos 2 e 4 foram realizados de forma conjunta, fortalecendo o diálogo territorial.
Metodologia Tempo Aldeia
Todas as formações do projeto seguem a Metodologia Tempo Aldeia, inspirada nos saberes, ritmos e modos de aprender dos povos indígenas. A abordagem valoriza:
- oralidade,
- coletividade,
- aprendizado intergeracional,
- vivência comunitária,
- contação de histórias,
- rituais, caminhadas e práticas ancestrais.
Ao final de cada módulo, as indígenas são incentivadas a replicar os conteúdos em suas próprias aldeias, ampliando o alcance da formação e fortalecendo a autonomia pedagógica nos territórios.
Ciranda, cuidado e vivências do território
Além das formações, os encontros do Cunhã Crodí foram marcados por espaços de acolhimento e vivência comunitária. A Ciranda, organizada pelas próprias mulheres indígenas, garantiu que as participantes pudessem levar suas crianças para atividades lúdicas, brincadeiras e até oficinas culturais, como o mamulengo realizado no Ceará.
Em várias localidades, cozinheiras das aldeias assumiram a preparação das refeições, e famílias abriram suas casas para acolher as participantes que vieram de longe, fortalecendo laços e reafirmando a hospitalidade como parte do processo formativo.
As atividades também foram atravessadas pela presença ativa de lideranças tradicionais, que inspiraram as suas companheiras a ocuparem o microfone, declamarem poemas, cantarem e compartilharem suas artes e histórias. Em cada encontro, trocas de sementes, grafismos, torés, rituais e práticas coletivas evidenciaram a riqueza dos saberes territoriais e o caráter de intercâmbio cultural que sustenta o projeto.
Presença em eventos
Além das formações e atividades do tempo aldeia, o Cunhã Crodí participou da IV Marcha das Mulheres Indígenas, reforçando a articulação nacional das jovens indígenas formadas pelo projeto e levando ao evento os temas debatidos ao longo do ciclo. O projeto também marcou presença no Acampamento Terra Livre (ATL) Bahia na edição de 2024.
Sobre o Cunhã Crodí
O Cunhã Crodí é um projeto voltado para promover a autonomia de mulheres indígenas no Ceará, Bahia, Pernambuco e Alagoas. Com foco em economia feminista, agroecologia e combate às desigualdades de gênero, a iniciativa desenvolve formações, pesquisas e redes de apoio que fortalecem o etnodesenvolvimento e garantem a continuidade das ações nos territórios.
O projeto tem a gestão da Avuar Social (ex-We World Brasil), o apoio da We World Onlus, da Adelco, da Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará (Amice), da Anaí, do Esplar e do grupo de mulheres indígenas Filhas da Ancestralidade. O financiamento é do Ministério das Mulheres.
Todas as atividades formativas estão disponíveis no YouTube do projeto. As cartilhas, registros dos encontros e materiais podem ser acessados pelo nosso Instagram.
Publicações
Cadernos de Estudo Cunhã Crodi
Módulo 01 - Corpo e território
Cadernos de Estudo Cunhã Crodi
Módulo 02 - Respeitando nossos direito, nosso corpo e nossa vida: mulheres, autonomia e a política do cuidado
Cadernos de Estudo Cunhã Crodi
Módulo 03 - Economia Feminista e a agenda política para defesa dos territórios
Cadernos de Estudo Cunhã Crodi
Módulo 04 - Agroecologia, economia solidária e etnodesenvolvimento
